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PTSC #16 :: Léo Lima

Foto: Aline Santos

Formado pela Escola de Fotógrafos Populares em 2009, Léo Lima hoje cursa pedagogia na UFRJ e realiza trabalhos autorais de fotografia, como “Os caçadores de pipas do Jacarezinho” e “Remoções no Rio de Janeiro”. Também ministra aulas de fotografia pinhole e fotografia digital, e acredita que a “prática educacional é tão importante quando o registro imagético de uma determinada situação”. A sua passagem pela Escola de Fotógrafos, ele aponta, foi decisiva para sua trajetória, porque conheceu pessoas “que de alguma forma me apresentaram uma possibilidade de fazer política sem precisar estar engravatado vivendo o gostoso ar gelado do ar condicionado”. Léo é também um dos idealizadores do projeto Favela em Foco, um coletivo multimídia que aborda questões relacionadas aos espaços populares. algumas das suas imagens podem ser vistas no seu Flickr.

Com vocês, Léo Lima, o ser complexo #16

_Passar a fotografar mudou sua percepção sobre a realidade?
Foi uma experiência necessária e importante para o meu caminhar. Que poderia ter sido numa escola pública, diga-se de passagem, mas não foi, e o mundo não é o ideal para o que eu penso, e vale salientar que a união de João Roberto Ripper, Imagens do Povo e Observatório de Favelas foi/é importante existir. Em 2009, ainda sem saber onde escoar minhas angústias da sociedade, foi na Escola de Fotógrafos que conheci pessoas incríveis que de alguma forma me levaram a outras pessoas incríveis e instituições sérias e não tão sérias assim. O ato de fotografar não me trouxe outra percepção, mas me mostrou um atalho para escoar meus anseios e desejos que tinha/tenho enquanto sociedade e favela. Acredito ter sido mais um fator das pessoas que de alguma forma me apresentaram uma possibilidade de fazer política sem precisar estar engravatado vivendo o gostoso ar gelado do ar condicionado. Foi fundamental conhecer João Roberto Ripper falando de fotografia e vida.

_ De quando você começou a fotografar até hoje, você vê o Jacarezinho de outra forma?
Não atribuo a uma mudança física, intelectual ou cultural. Mas acredito que meu horizonte se ampliou após esse fazer fotográfico com respeito ao lugar e ao outro. Antes mesmo de fotografar por aqui já conseguia olhar para essa favela tão linda, de maneira carinhosa. Com o fazer fotográfico consigo sem dúvida dar um grito sem abrir a boca, e desse grito ecoa um “Jacarezinho resiste!” bem alto. Porém é pouco e eu quero mais, portanto, penso que o próximo passo é a partir da educação, inserir a fotografia cada vez mais no cotidiano das pessoas, de modo que tragam elas não só para o cenário de espectador, mais principalmente no cenário de autor de suas próprias narrativas. Vem coisa boa aí, utópico e necessariamente realizável.

_Você é um dos idealizadores do projeto Favela em Foco, que tem a proposta de dar visibilidade às favelas e periferias com um olhar do morador. É possível dizer que a favela está fora de foco pelas mídias tradicionais?
Acredito que sim, existe muitas outras verdades estabelecidas e a serem descobertas nos espaços favelizados. Chega a ser injusto com os moradores das favelas a super marginalização que os veículos de comunicação corporativos, Rede Globo, Band, Record, SBT costumam fazer. Havia um boato de que com a entrada das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) nas favelas, o foco mudaria. Porém, o que se vê é praticamente a mesma coisa. As notícias que circulam nesses meios, tratam da violência policial, dos assassinatos – ressalto, importantes também de serem retratados – ou quando algo considerado positivo pelo senso comum da sociedade, o tratamento é pelo viés do pitoresco, do exótico, estereotipado. É um jornalismo muito abaixo do que os jornalistas querem ou podem fazer. A favela conta boa parte da história do Rio de Janeiro, com sua cultura, política, arte. Outros presentes vão chegar, estamos lutando por ele.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

UM LIVRO

“O termo latino communicare alude a um ‘pôr em comum’, que pode gerar relação. Mas sabemos que, entre as escolas e as famílias, nem sempre é fácil comunicar, estabelecer laços. Contudo, algumas situações vividas no dia-a-dia de uma escola reinventada provaram ser possível comunicar.”

Pequeno Dicionário das Utopias da Educação
José Pacheco
Wak, 2009

_Você sempre se envolveu com projetos de educação com viés para a fotografia. Qual a importância da educação no processo de formação dos jovens?
Educação é a parte do gráfico da pizza que muitos de nós não damos tanta importância, né? Eu gosto de falar sobre educação e acredito que a educação propriamente dita é feita por todas as pessoas, em todos os lugares. Independente de grau de escolaridade, todos educam. Nesse contexto, não podemos conceber a ideia de cidadania sem educação – e não falo de processos de escolarização como fomos acostumados a receber ao longo de nossas vidas. Portanto, vislumbro uma possibilidade cidadã em todos os aspectos da sociedade, logo, a importância está posta à mesa. A sociedade que penso em viver sem dúvida se configura como um lugar de pessoas exercendo o pleno direito à cidadania. Pra isso, a educação se torna indispensável em todos os níveis, logo, exercendo aspectos libertários, autônomos, de criticidade, de reflexão, de sensibilidade, de prática, de pesquisa, de solidariedade e principalmente amor. Não se faz educação sem amor. A arte está aí, porém tem muita gente “esperta” por aí que não quer sentir.

_O que os botafoguenses podem esperar do time em 2014, depois de 18 anos de volta à Libertadores?
Sem dúvida todos os botafoguenses desse mundão vão comemorar o inédito título da libertadores no Maracanã. Não tenho dúvidas, nunca tive. E se alguma coisa der errado, seja pela mudança dos astros, pelo balançar das marés, ou por alguma bandeirinha … Não nos preocuparemos. Pois a certeza que todos nós botafoguenses temos é de que nossa estrela jamais deixará de brilhar!

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