Como nós somos exagerados e o raro leitor deste blog já sabe disso, não vemos nenhum problema em dizer que o PTSC da semana é com um dos melhores humoristas brasileiros da atualidade.
Não, gente, não entrevistamos o cara do Porta dos Fundos. Até porque ninguém mais suporta ler entrevista deles.
O entrevistado da semana é o Rafucko. Afinal, tem como não achar gênio o cara que faz isso aqui?
Ele é videomaker, humorista, apresentador, editor, roteirista e anda cheio de projetos. Faz sucesso com seus tutoriais de maquiagem e é figurinha carimbada nos protestos cariocas. Aliás, os protestos renderam bons vídeos que podem ser vistos no canal dele do YouTube.
Na entrevista, Rafucko enfrenta a polêmica do humor “politicamente incorreto” com classe e nos conta, com exclusividade, quem anda precisando de um bom pancake na cara.
Com vocês, Perguntas Triviais para Rafucko, o rei do chroma key.
_Seu humor tem uma pegada política. Por que? Não fica ideológico demais?
Sempre fiz humor com questões cotidianas. De uns tempos pra cá, a política tomou uma dimensão maior na minha vida e na de muita gente, acredito. Faço humor com o meu dia a dia – e, cá entre nós, na política tem um monte de piada pronta! Na verdade, eu acho a política melhor que novela, até. Imagine uma trama onde um governante perde sua amante em um acidente de helicóptero, outro governante homossexual enrustido mantém amantes em seu próprio gabinete, parlamentares anti-drogas financiados por traficantes… Tem tudo isso e muito mais! A política é tudo, menos chata.
_Há quem acredite numa polarização entre humor politicamente incorreto e politicamente correto. Existe mesmo essa polarização?
Existe uma diferenciação, sim, nos tipos de humor. Mas essa divisão que costumam fazer não é certa, não. Acho que “politicamente incorreto” é dizer aquilo que não se diz. Para ser “politicamente incorreto” não precisa necessariamente ser opressor. Fazer piada com a mulher submissa, o negro criminoso e o gay promíscuo é repetir o que já é dito, à exaustão. Entretanto, há quem ria dessas piadas e os humoristas justificam que “falarão o que for necessário para fazer rir”.
Danilo Gentilli fez uma piada sobre judeus e os empresários dessa religião ameaçaram tirar todo patrocínio ao seu novo talk-show. Nesse caso, e somente nesse caso, ele pediu desculpas. Com isso, fica claro que a maioria do humor atualmente dito “politicamente incorreto” é, na verdade, “opressor”, “repetitivo”, nada autêntico, e dificilmente poderia se encaixar na categoria de “humor”.
_Quando você começou a produzir os vídeos? De onde vem a ideia de fazer algo que deve tomar muito tempo, deve dar muito trabalho e (a gente tem quase certeza) não deve pagar suas contas?
Comecei durante a universidade, mas já tinha feito vídeos desde a época do colégio (infelizmente os VHS foram queimados na época da adolescência, quando bom-senso não fazia parte do meu vocabulário – vide foto acima).
Adoro essa pergunta, “de onde vem a ideia?”. É a pergunta que mais fazem. Às vezes, as ideias vêm da minha cabeça, outras vezes da minha barriga, de me olhar no espelho, de ficar calado assistindo pessoas conversando no almoço, de conversas ouvidas no ônibus, de palavras que eu ouço errado… Tudo que eu vivo vira piada depois de um tempo, porque… Sei lá, acho que simplesmente porque é mais legal assim.
Dá muito trabalho e nenhum dinheiro, mas me traz outros trabalhos que, estes sim, dão dinheiro. Faço o que faço por necessidade, é a verdade da minha existência. Se eu não faço isso por dinheiro, não posso deixar que a falta dele me impeça de continuar. Como utopia não paga conta, aproveito o espaço para dizer que tô disponível pra freelas de edição de vídeo, roteiro, direção, atuação, modelagem, manequim, colagens, design, presença VIP em festas e protestos e, fora isso, eu tô com uns projetos aí…
_Uma questão de ordem: de onde vem esse “Barbacena” no seu e-mail, no seu canal do Youtube, na sua vida?
Apelido de criança. Rafaelito Barbacena e Rafucko foram meus únicos apelidos, mas nunca duraram muito tempo. Meu sonho era ter um apelido (nem “Rafa” pegava comigo).
_Quem anda precisando urgentemente de um tutorial de maquiagem do Rafucko?
Eu gostaria muito de fazer uma maquiagem no prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, que é um cara que me inspira muito. Passaria um pancake branco em todo o rosto, pintaria o nariz de vermelho, botaria uma peruca colorida, talvez umas cores em volta do olho e um sapato grandão, tamanho 53. O visual seria mais adequado para as suas falas, e ainda tem a coisa do “palhaço assassino”, que figura no imaginário popular, bem adequado às violações de direitos humanos praticadas pela prefeitura durante a sua gestão.