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PTSC #26

Crédito: Maria Buzanovsky
Crédito: Maria Buzanovsky

Pesquisadora e mãe da Cecília, Pâmella Passos também não é de perder um baile funk. Professora do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), Pâmella lança seu novo livro: “Vozes a favor do golpe! O discurso anticomunista do Ipês como materialidade de um projeto de classe”, que discute o papel do Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais na legitimação do golpe de 1964 no Brasil. Na entrevista ela fala do livro e de paralelos possíveis com a realidade atual, funk e da importância de uma educação crítica dentro e fora das escolas para combater o machismo cotidiano. Com vocês nosso ser complexo 26.

O livro está disponível para download gratuito

As peculiaridades dos ingleses e outros artigos

UM LIVRO

“…as classes não existem como entidades separadas que olham ao redor, acham um inimigo de classe e partem para a batalha. Ao contrário, para mim, as pessoas se vêem numa sociedade estruturada de um certo modo (por meio de relações de produção fundamentalmente), suportam a exploração (ou buscam manter o poder sobre os explorados), identificam os nós de interesses antagônicos, debatem-se em torno desses mesmos nós e, no curso de tal processo de luta, descobrem-se a si mesmo como uma classe…”

As peculiaridades dos ingleses e outros artigos
E. P. Thompson
Unicamp, 2001

1_O seu novo livro Vozes a favor do golpe! trata do discurso anticomunista durante a ditadura civil-militar no Brasil. Daria pra traçar alguma semelhança com a realidade política atual?

Com certeza, principalmente quando vemos setores conservadores da sociedade brasileira revisitar a imagem de combate ao comunismo procurando construir a imagem de que estão salvando o país. Nesse movimento reivindicam o nacionalismo, elemento central do anticomunismo no Brasil que foi usado tanto para justificar o golpe de 1937 dado por Getúlio Vargas e que instaurou a Ditadura do Estado Novo como em 1964 para derrubar João Goulart e mergulhar o país nos Anos de Chumbo.

2_O projeto de dominação da elite – que você apresenta em seu livro – a partir do discurso anticomunista do período de ditadura militar no Brasil poderia ter algum paralelo com o discurso midiático hoje?

Sim, pois na conjuntura que antecede ao golpe a elite busca construir sua chegada ao poder não só através das armas, mas também dos discursos. Coerção e consenso vão sendo produzidos para garantir a tomada do poder. Hoje, com a mídia ocupando cada vez mais espaços na política torna-se fundamental para a elite a produção de conteúdos midiáticos que busquem transformar seus interesses de classe em interesses supostamente coletivos.

3_Falando em discursos, o machismo está aí no nosso dia a dia. Como fazer para combatê-lo diariamente?

Com uma educação crítica dentro e fora das escolas. Gênero precisa ser debatido em todos os espaços, para que nosso país saia das taxas absurdas de práticas de violência contra as mulheres.

4_E essa discussão acerca do funk ser ou não cultura, ou de ser uma cultura menor? O que pensa sobre isso?

Funk é Cultura! Pessoas que tem dificuldade com esta afirmação ainda estão presas em uma visão de cultura baseada em gostos e extremamente elitizada. Não há hierarquização cultural, temos práticas culturais, suas experiências e seus registros, quem afirma o contrário disto não compreendeu o conceito de cultura.

5_Professora, ativista, pesquisadora, feminista, funkeira… e mãe da pequena Cecília. Seu dia tem quantas horas?

Meu dia, como o de muitas mulheres, tem infinitas horas de: trabalho, alegrias, estudo, angústia, culpa, amor, diversão e luta por uma sociedade diferente, menos acelerada na qual tudo isso caiba em 24h com 8h de sono. Mas por enquanto não está sendo assim. Hahaha.

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