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A memória dos banguenses é característica há muito reconhecida. Bangu tem um raro museu criado e mantido por locais. O bairro foi catalisador de teses, contos e romances que circulam mundo afora. Um lugar de personagens e instituições com grande responsabilidade sobre isso que chamamos de carioquice, mesmo sob condições nada atlânticas.

Todo banguense é um lembrador. Traz consigo recordações de varandas e calçadas cheias de gente com calor como se estas fossem ágoras e arenas até nos dias mais triviais. Dos sábados, recorda anos inteiros. Transmite uma história materialmente culturalista, acelerada como máquina a vapor. Estampa no tecido do tempo excitações únicas porque, antes, banguenses. Disso tudo, cria as memórias comuns a quem dali saiu e que, por isso, seguiu gostando de gente e de contar o passado que anda com a gente.

Quando, por exemplo, um banguense fala das excepcionalidades de sua mãe, não é porque os demais não têm mães também admiráveis, mas porque a maternidade ali naquela esquina da existência é coisa distinta. Não é culpa da água que lá se bebe, mas daquela que tipicamente escorre pelo rosto. Trata-se de ser mãe (ou pai, ou tia, primo, vizinha, o que é passageiro e o que é motorista!) num Rio que se pensa e se projeta como suburbano, fabril e o mais quente. São pressupostos geográficos, filosóficos, atmosféricos!

O Viana, pai da Maíra, amiga que as ciências sociais me trouxeram, me escolheu para essa orelha não por uma coisa ou outra que escrevi. Ele o fez porque percebeu em mim o mesmo que ele possui há tempos: um apreço descarado pelo mais acalorado bairrismo carioca, que muito se gaba e a ninguém ofende. Que se acha ali entre os tamborins de Padre Miguel e a sombra da Pedra Branca, flutuando nos corres da avenida Brasil e nas pipas que caem sobre Moça Bonita, imerso no microclima mais estimulante que Deus poderia lançar sobre vidas suburbanas.

João Felipe Pereira Brito

MEMÓRIA, SUBÚRBIO CARIOCA

Mais detalhes

Dados técnicos

Brochura
Revisão: Leonardo Cunha
Foto (capa): Carlos A. Vieira (Dedé)
Ilustrações: Filipe Pessoa de Andrade
Design: Patrícia Oliveira
Páginas: 272
Dimensões: 140 x 210 x 15mm
ISBN impresso: 978-65-86464-91-7
ISBN e-book: 978-65-86464-89-4

Sobre o autor

Author

Jubdervan Viana da Costa

é filho de um operário da Fábrica do Realengo e de uma lavadeira e o caçula da família. Formado em Economia e professor, os relatos da sua infância, retratados neste livro, se misturam com a história do bairro de Bangu e da região suburbana do Rio de Janeiro.