O sonho de uma educação de qualidade na Maré tornou-se luta. O luto pelas perdas — de moradores vítimas da violência do Estado, da violência dos grupos criminosos armados da venda do varejo das drogas e também pelo assassinato da vereadora Marielle Franco — se transforma em luta. A luta pela educação pública como elemento central de construção de outras possibilidades para crianças, adolescentes e jovens do conjunto de favelas da Maré.
A estruturação da educação pública na Maré, por parte do poder público, ainda se dá sem efetivo diálogo com os sujeitos locais, instituições, comunidades e famílias. O que acaba por resultar em uma rede de educação ampla, porém ineficiente ante a realidade de comunidades em que se tem deflagrado o conflito entre grupos criminosos armados e que também, por sua realidade social, exige maior empenho e investimento do poder público.
Este livro vem no sentido de apresentar, em meio aos limites estruturais, a resistência e a potência dos sujeitos que constroem a educação na Maré, se multiplicam em ações que reafirmam a educação como direito e o compromisso social da escola pública. Assim como as ações que contribuem para a permanência de estudantes na Maré, seja pelas unidades de ensino públicas ou por instituições não governamentais, como a Redes da Maré e a Universidade Pública.
É também uma homenagem a Paulo Freire e um ato de repúdio a todas as difamações realizadas contra o patrono da educação brasileira. É uma homenagem às professoras e professores que constroem a educação na Maré e contribuem para que meninas e meninos da favela tenham o direito de sonhar. Como disse Paulo Freire, falando de seus sonhos de infância, de que, desde menino, tinha “um certo gosto docente, que jamais se desfez em mim. Um gosto de ensinar e de aprender que me empurrava à prática de ensinar que, por vez, veio dando forma e sentido àquele gosto. Umas dúvidas, umas inquietações, uma certeza de que as coisas estão sempre se fazendo e se refazendo e, em lugar de inseguro, me sentia firme na compreensão que, em mim, crescia de que a gente não é, de que a gente está sendo”. Sigamos na esperança de dias melhores, construídos pelos sujeitos que ousam sonhar e ousam lutar.
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