Sabemos que o cenário social brasileiro sempre foi profundamente desfavorável ao trabalho. Podemos mesmo acrescentar que, em nossa longa história, encontramos poucas exceções. A primeira, louvável e longeva, perdurou por séculos durante a vigência do “modo de vida e do trabalho comunal indígena”, duramente reprimida e massacrada durante o período colonial, lutando até hoje para sobreviver. A segunda, especial e experimental, tivemos com a República dos Palmares, para o qual todo o aparato repressivo militar foi canalizado visando extirpar a criação de uma sociedade na qual os povos afrodescendentes laboravam para erigir uma formação social liberta e sem escravidão.
Se nossa história do trabalho, desde então, tem sido mais vivência de martírio e sofrimento e pouco de libertação, podemos dizer que desde a “contrarrevolução preventiva” desencadeada com o Golpe Jurídico-Parlamentar de 2016, presenciamos um dos mais nefastos períodos de nossa história recente. Dentro da ampla gama de atividades realizadas pelas/os trabalhadoras/es sociais, em uma quadra histórica tão difícil e complexa como a que estamos vivendo, seria impossível não presenciar as nefastas manifestações que afetam o seu modus operandi, isto é, os “sentidos do seu trabalho”, uma vez que as políticas públicas e sociais vêm sendo profundamente maculadas e, com elas, também a atividade do trabalho social.
Para nos ajudar a melhor compreender este momento particular, as professoras Tatiane V. C. dos Santos e Inez Stampa, da PUC-Rio, organizaram esta fotografia atual do trabalho das/os assistentes sociais. Oferecer um desenho das transformações em curso, das suas principais mudanças e consequências, eis sua proposição principal. Pensar sobre o tempo do trabalho, e o trabalho no tempo presente, requer que se pense também nos seus contratempos.
A leitura deste livro, dotado de um amplo leque de questões, será mais um importante contributo para o trabalho das/os assistentes sociais e, por desdobramento, para tantas atividades que dizem diretamente ao conjunto da classe trabalhadora, depois de tanto descalabro e desventura.
Ricardo Antunes
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