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A final que não jogamos

Está chegando a Copa e nós pedimos para nossos autores contarem histórias do torneio. Abaixo, um texto de Aldir Blanc sobre a final de 2006, aquela entre França e Itália.

 

 

Z de …

Quando Bum-Bum Garoto fantasiou a dieta de greve e manchou para sempre a palavra fome, sua digna esposa, Rosinha Gigoga, espumou sobre “a ira de meu Deus” e ainda lançou um raio que a parta em nossa língua: “…enquanto meu marido se definha”. Recebi uma carta indignada de minha prima de Honório Gurgel, Aparecida Josefa, a Cidefinha. Um trecho “Sou pobre, mas honesta e não me conformo. Não mereço ter meu apelido em boca de cobra”.  Registro o fato porque Ceceu Rico aprontou uma surpresa na final da Copa. Trouxe a Cidefinha pra ver a pelada entre França e Itália, com o amásio (lá dela), o paramilitar Zilmério, vulgo Zinho, feito aquele jogador-enceradeira do passado. Eu entornara de com força, uma noite antes, no aniversário de Fausto Wolff , o Lobo das Esquinas, e bebia com parcimônia, durante a peleja, latas de Itaipava, o licor de melão do Serginho, a cachaça presenteada pelo Ilmar Carvalho, batidas caseiras da Mari… Quando Zinedine Zidane deu a antológica marrada na vaca italiana, minha prima emitiu uns ruídos gorgolejantes, revirou os olhos e, após vários e prolongados tremeliques, tombou ao chão, desmaiada. Ceceu, que teve no passado algum contato com urgências, despejou-lhe uma talagada de batida gogó abaixo. Ela melhorou. Visivelmente constrangido, Zilmério resmungava:

– Que coisa. Parecia a tal convulsão do Fenômeno em 98.

Ceceu, Mari e eu trocamos olhares cúmplices. Não restava a menor dúvida: prima Cidefinha teve um múltiplo orgasmo daqueles!

Dizem que, na mesma noite, desconfiado, Zilmério, em homenagem à Azurra, bancou o Grosso:

– Ataque, né? Eu sei de que qui tu tá precisando…

O ato sexual, vigorosíssimo, foi ouvido em Del Castilho. Cidefinha, em êxtase, gemia:

– Ai, Zi… Isso, Zi…

Quando Zilmério, esbagaçado, pegou no sono, minha prima ainda suspirava:

– Valeu, Zi… dane!

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