COLEÇÃO DIABO NA AULA | CUSPE + A CIÊNCIA DO QUE NÃO EXISTE
a ciência do que não existe, de Sara Síntique, e cuspe, de Amanda Chraim, inauguram a coleção de poesia diabo na aula, coordenada por Carlos Augusto Lima e Manoel Ricardo de Lima.
Sobre a ciência do que não existe, Júlia Studart escreve que a autora apresenta “um longo poema de respiração fragmentada, pequenas pausas de suspensão e quase uma história perdida de amor em torno de M, letra secreta, inventada, um mar, um plural, o mundo. O poema percorre a cidade de Fortaleza através de ‘um rastro de corpos’; é a Fortaleza das canções de Ednardo ou de Belchior e da pintura de Antonio Bandeira, Cidade queimada de sol, que se reconfigura sem mapa e como um desperdício vulnerável ‘para quando perder a memória’”.
Já em cuspe, Joice Nunes, que assina a orelha da obra, diz que Amanda Chraim impõe “o obsceno como exercício e vai ainda além ao articular uma espécie de gramática dos fluidos (uma política do cuspe, talvez?). Ela nos recupera o corpo como fonte essencial de erotismo, de desejo, de gozo: a capacidade que ele possui de se subverter e se libertar da “subjugada moral organizada”, como ela mesma escreve”, e continua: “aqui, o cuspe desliza e se insinua também, ou sobretudo, pelas palavras: língua, sexo, raiva, diabo, desejo, lambança. É um livro molhado. Um livro molhado e político – e que haja muito leite mal para se jogar na cara dos caretas”.
DIABO NA AULA, POESIA