O grupo de pesquisadores do Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana (Necvu) da UFRJ liderado por Alexandre Werneck vem se dedicando há mais de dez anos a investigações sobre o conflito social no âmbito de uma renovada sociologia da
moral. Este livro inovador e inquietante apresenta o conjunto de resultados alcançados, explicitando a originalidade e a atualidade das questões levantadas por esses cientistas sociais. São, quase todos, mestres, doutorandos e egressos do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA) da UFRJ, que desenvolveram seus trabalhos de olho nos diferentes processos sociais por meio dos quais avaliações, justificativas e críticas orientam, produzem, desfazem e administram conflitualidades cotidianas de diferentes tipos. Duas pós-doutorandas, um ex-pós-doutorando (Vittorio Talone) e o próprio Werneck completam o timaço de autores aqui reunidos.
Reunindo grande parte da produção mais recente desse grupo, que tem desenvolvido uma nova e atualíssima área de pesquisas em nosso país, o livro é fruto de um esforço coletivo bem-sucedido. Ele abarca situações e temas tão diversos quanto justificativas morais oferecidas
para linchamentos, motivações de familiares de presos, princípios de políticas públicas de drogas, accountability de aborto provocado em inquéritos policiais, críticas jocosas em capas de jornal popular, o self em situação de contato com a morte violenta, quereres, moralidades e utopias, discussões sobre o que fazer diante de previsões catastróficas, as moralidades do SUS, como organizar uma feira internacional de arte para públicos variados, a experiência de dormir em meio urbano, os engajamentos em atenção nos anúncios de café especial, robôs sociáveis, agenciamentos e educação econômica em um livro de Dostoievski e o que significa “organizar” de um ponto de vista moral.
Michel Misse
CIÊNCIAS SOCIAIS, ÉTICA, FILOSOFIA, SOCIOLOGIA