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PTSC#27

foto Luis Henrique 2014É possível que o leitor reconheça Mauro Iasi como professor da UFRJ. Ou mesmo como dirigente partidário do PCB, partido pelo qual foi candidato a presidente em 2014. Ele é também um dos autores desta casa. Mauro organizou “Ecos do golpe – a persistência da ditadura 50 anos depois” e publicou conosco na antologia “Cultura, democracia e socialismo”. Pois Iasi é mais que isso, de fato um ser complexo. Na entrevista a seguir, apresentamos o poeta, autor de “Outros tempos”, nosso novo lançamento.

Nestas perguntas triviais Mauro fala de poesia, do próprio livro e, como não podia deixar de ser, analisa a conjuntura. Afinal, o que espera o poeta das eleições e da Copa do Mundo?

_Você é dirigente partidário, professor, poeta e foi candidato a presidente. Quem é Mauro Iasi?
No momento pai do Camilo (do Gi e da Má) e em breve avó do Tom. Sou um educador popular, emprestado para a Universidade, e, quando crescer, quero ser poeta e comunista.

_Por que você diz que “Outros tempos” reúne poemas “noturnos”?
Meus poemas sempre foram militantes, comprometidos com a luta e, por isso mesmo, com a paixão e a vida. Acontece que, às vezes, a vida fica difícil, como agora. São tempos de retrocesso, de abismos, de derrota e a poesia reflete tudo isso. Mas, é de noite que a gente sonha, não é?

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UM LIVRO

“Versos não se escrevem para a leitura de olhos mudos. Versos cantam-se, urram-se, choram-se (…) Repugna-me dar a chave de meu livro. Só quem for como eu tem essa chave”.

Mário de Andrade. Poesias completas.
Edição crítica de Diléa Zanotto Manfio.
Edusp, 1987

_Toda poesia é política?
Toda poesia viva é política, toma partido, escolhe seu lado, sofre, cicatriza. Poesia exige sensibilidade diante da vida e aquele que consegue ficar imune diante da injustiça do mundo, deste pais oligarca e escravista, tem alguma coisa de errado. O caráter político da poesia não se encontra só naquilo que ela diz, em seu conteúdo, a poesia é também forma, ritmo, imagem e sensação que se sugere àquele que lê. Ela provoca e incita o mundo a mudar para continuar vivo.

_Você tem um poeta preferido?
Fica difícil dizer um só. Fui criado lendo Neruda, Guillén, Vallejo, descobri como que tomado por um furacão o enorme Maiakovski e Brecht. Mas quem primeiro me mostrou a força que a poesia tem e me fez levantar do chão da vida, foi Drummond. Agora, quem é brasileiro e da minha geração logo aprendeu que poesia vem junto com a música e daí meus poetas são Aldir Blanc, Victor Martins, Cacaso, Fernando Brant, Chico Buarque entre tantos outros.

_Você arrisca previsões para 2018? O Brasil ganha a Copa? Quem será eleito presidente?
Difícil. Vai ter muita luta e muita coisa vai mudar. No momento estou torcendo contra, contra a Reforma da Previdência e o saco de maldades do usurpador. Desde Johan Cruyff eu torço para a Holanda, ela está fora da copa este ano, mas não importa, torço mesmo assim. Não seria interessante se quem estivesse disputando por fora das regras da FIFA acabasse ganhando? Viva o Poder Popular, quem sabe?

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Lançamento de ‘Vozes a favor do golpe!’

Como o discurso anticomunista foi reverberado no Brasil no pré-golpe de 1964 é o que o novo livro de Pâmella Passos procura demonstrar. A partir da análise de materiais produzidos pelo Instituto de Pesquisa de Estudos Sociais (o Ipês), a autora mostra como essa propaganda colaborou para a produção e reprodução de um imaginário anticomunista no país, capaz de ser um dos pilares de sustentação do golpe civil-militar de 1964.

Vozes a favor do golpe! O discurso anticomunista do Ipês como materialidade de um projeto de classe está disponível para download gratuito no site da Mórula.  O livro é resultado da pesquisa de mestrado realizada pela autora no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) entre os anos de 2006 e 2008. O período pesquisado vai da fundação do Instituto, em 1961, até o golpe de 1964, momento em que houve no Brasil um acirramento das polarizações ideológicas. Como escreve a autora, “nesse enquadramento temporal, pretendemos investigar as relações de poder relativas ao tema, buscando discutir as crenças e as representações expressas no material de propaganda produzido pelo Ipês, como parte da luta ideológica que então era travada”.

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Capa do livro disponível para download gratuito

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Adriana Facina aponta que a pesquisa nos dá mostra da competência da elite brasileira em forjar um projeto de dominação. “A preparação do golpe de 1964 precisou da propagação do medo e de uma propaganda que associava o governo João Goulart à corrupção (inclusive moral) e à ameaça comunista. No discurso foi construída a materialidade que as armas sacramentaram. Igreja Católica, mídia hegemônica, empresários, latifundiários, intelectuais organizaram o caminho por onde os tanques triunfaram”, escreve no prefácio da obra.

A professora Lená Medeiros de Menezes, que orientou a pesquisa e assina a apresentação, relata que a obra trata dos caminhos seguidos pelo país no contexto da Guerra Fria, “no qual os comunistas tornaram-se inimigos  declarados e o ‘perigo comunista’ motivação para vigilância, controle e repressão sobre muitos brasileiros”. A importância deste livro, para ela, está principalmente porque “permite uma melhor compreensão de um tempo de conturbações, no qual o deslocamento da Guerra Fria para a América Latina (…) fez ressurgir um agressivo discurso anticomunista e contrarrevolucionário”.

_Sobre a autora

Pâmella Passos é professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ), doutora em História Social pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e mestre em História Política pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), onde também concluiu a graduação em História. Foi uma das organizadoras do livro Política Cultural com as periferias: práticas e indagações de uma problemática contemporânea (2013).

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