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PTSC #4 :: Marcos Alvito

Marcos Alvito é antropólogo, mas dá aula na faculdade de história da Universidade Federal Fluminense. Nasceu em Botafogo, mas é rubro-negro. Gosta de samba e se diz pandeirista amador. Este é o novo entrevistado do PTSC, que acaba de lançar dois livros. Um sobre futebol e outro sobre samba.

O professor conversou conosco por e-mail e falou sobre esses dois temas que define como suas paixões. Falou também sobre megaeventos e subverteu a ordem. Os leitores deste blog já sabem que todo entrevistado indica um livro. Pois Alvito negou o pedido dos editores e indicou uma música. Pensamos em não aceitar, mas como era um samba, não tivemos como recusar.

Com vocês, Marcos Alvito em cinco perguntas triviais, ao som de Paulo Vanzolini.

_Você acaba de lançar dois livros. Um sobre samba e outro sobre futebol. Quando sairá o livro sobre cerveja?
Do jeito que os sambistas consomem o precioso líquido, acho que um livro já está contido no outro…

_Das histórias que você conta no livro sobre samba, qual a sua favorita?
Poxa, essa pergunta é maldosa, é como querer que eu goste mais de um filho do que de outro. Mas é claro que eu tenho um carinho especial pela primeira história que escrevi e que abre o livro. Eu conto como Noel Rosa, no leito de morte, pede a seu irmão que o vire de lado. Na nova posição, Noel começa a batucar na mesa de cabeceira, com muito ritmo, mas que vai decrescendo, decrescendo… Noel viveu e morreu fazendo samba. Mas a maioria das histórias é bem mais alegre.

_ Há quem diga que o Rio de Janeiro vive seu melhor momento, com investimentos e preparativos para os grandes eventos. Qual a sua opinião sobre isso?
Vocês me pediram para escrever pouco. Basicamente, trata-se de um projeto de transformação do Rio de Janeiro em cidade-mercadoria, não mais uma cidade para os seus habitantes, mas para os grandes projetos comerciais, em detrimento das nossas tradições. Acho que o “novo” Maracanã é o exemplo maior das barbaridades que estão sendo cometidas em nome do “progresso”. O preço dos imóveis, dos aluguéis e do custo de vida disparou. E sabemos muito bem quem lucra com isso: os políticos mauriçolas, as empreiteiras, os especuladores, os grandes proprietários.


UMA MÚSICA
“Um homem de moral
Não fica no chão
Nem quer que mulher
Lhe venha dar a mão
Reconhece a queda
E não desanima
Levanta, sacode a poeira
E dá a volta por cima”

Volta por cima
Paulo Vanzolini, gravado pela primeira vez por Noite Ilustrada, em disco de 1963

_Conte-nos uma partida de futebol inesquecível.
Aconteceu na Inglaterra, onde eu torcia para o Oxford United, então na 5a. divisão. O Oxford ia mal e a partida seria televisionada pela Setanta Sports, uma rede a cabo menor, uma espécie de 2a. divisão televisiva. Acontece que nos últimos 7 jogos que a Setanta havia transmitido, o Oxford havia perdido. O adversário desta vez era sem maior expressão, o Rushden & Diamonds. Mas o jogo era no campo deles. Logo o Oxford toma o primeiro gol. Nossa torcida, eu incluído, nem se abala e começa a gritar: We are going to win two, one. Ou seja, vamos vencer por 2×1. Em seguida, o 2º gol deles. Vamos vencer por 3×2 e assim quando eles fazem o 3º e o 4º gols, vamos vencer de 5×4. Mas quando eles fazem o 5º nossa torcida resolve inovar: We want six. Nós queremos seis, nós queremos seis. Em seguida, fizeram um trenzinho e começaram a cantar que estavam dançando a Conga. Feliz daquele que sabe sofrer, dizia Nelson Cavaquinho. Estas e outras histórias da minha temporada na Inglaterra eu conto no livro A Rainha de Chuteiras: um ano de futebol na Inglaterra (Clube de Autores, 2012).

_Com que zagueiro do Flamengo você faria dupla e qual intérprete de samba você acompanharia no pandeiro?
Gostaria de ter a glória de formar na zaga com Leandro, o zagueiro mais técnico que já vi jogar. Seria uma boa dupla, pois eu sou um zagueiro totalmente sem técnica. Seria uma suprema honra bater um pandeiro para sua alteza Paulinho da Viola cantar.

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