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Com foco na engrenagem colonial que administra burocraticamente corpos racializados e criminalizados em vida e morte, Amanda Quaresma elabora uma análise extremamente ética e sagaz, a partir da Chacina do Cabula. A autora explora o cotidiano do judiciário e das organizações policiais equilibrando compromisso político e competência teórico-metodológica.

Ciente de que o Direito é linguagem para poucos, Quaresma decifra quilômetros de armadilhas do Direito Penal, explicita edições e manobras de procedimentos oficiais, aprende e ensina a ler “vestígios deixados no local do crime e nos corpos das vítimas”. Temos em mãos um livro capaz de desestabilizar certezas equivocadas: quem são as pessoas protegidas pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa da Polícia Civil do Estado da Bahia? Quem aparece morto e quem aparece vivo na papelada dos casos de homicídio?

O “corpo masculino, vítima de PAF em confronto da PM; apresentando 30 anos de idade, cabelo RASTA!”, como informa um registro de ocorrência, é alvo da violência de Estado tanto quanto a própria periferia onde nasce e morre. Quaresma conecta raça, racismo, território e tecnologias governamentais, nos mostra o funcionamento de uma Salvador que se quer invisível e inalcançável.

Combustível político e intelectual para o fim do genocídio antinegritude, este livro fortalece
demanda central dos movimentos de familiares de vítimas da violência do estado brasileiro para que haja perícia independente. As vidas e seus mortos são homenageados nesta obra incontornável, um livro escrito com a sensatez de quem sabe onde os pés pisam antes de erguer a cabeça.

Juliana Farias

CRIME, VIOLÊNCIA

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Dados técnicos

Brochura
Revisão: Marilia Pereira
Projeto gráfico: Patrícia Oliveira
Páginas: 228
Dimensões: 140 x 210 x 19mm
ISBN: 978-65-6128-007-5

Sobre o autor

Author

Amanda Quaresma

é baiana, mestre em Direito Penal e Liberdades Públicas (PPGD/UFBA), especialista em Direito Penal e Criminologia (INTROCRIM) e bacharel em Direito (UFBA). Associada ao Instituto Baiano de Direito Processual Penal (IBADPP) e à Rede de Pesquisa Empírica em Direito (REED). Além disso, é pesquisadora do Núcleo de Justiça Racial e Direito da FGV-SP e integrante do Grupo de Pesquisa “Motim: racismo, terror de Estado e resistência política” (UFBA). Foi advogada monitora do Patronato de Presos e Egressos do Estado da Bahia (PPE/BA) no Conjunto Penal Feminino. “Os corpos gritam para ninguém” é seu primeiro livro, uma adaptação da sua pesquisa de mestrado.