O livro apresenta um material de valor inestimável para todos aqueles que desejam realizar pesquisas sobre as instituições de controle e isolamento, como as prisões e os abrigos de menores. Partindo de um problema de nosso presente, o aumento extraordinário da população prisional brasileira como trágico resultado das políticas de encarceramento em massa, os autores assinalam a escassez de estudos metodológicos sobre fontes históricas documentais, mostrando suas potencialidades e dificuldades. O livro é um convite para dirigir nossa atenção para essas fontes, desde os documentos oficiais, até as cartas que nunca foram enviadas, realizando um minucioso percurso pelos prontuários dos presos. Nesses prontuários se evidencia o entrecruzamento de práticas policiais, judiciais, punitivas, repressivas, psiquiátricas e médicas, possibilitando um olhar privilegiado para conhecer as redes de poder e de saber, que percorrem o espaço intramuros no cotidiano prisional. O livro analisa também prontuários de Serviço Social de Assistência e Proteção aos Menores. Casos concretos como a da menina Berenice Lima, iniciado em 1949, em que ecoam as vozes e os julgamentos dos saberes expertos que, por exemplo, a obrigaram a trabalhar como doméstica em uma casa de família, com um pequeno salário que seria dividido com a instituição. O livro mostra a riqueza existente nas fontes documentais, assim como a necessidade de realizar uma leitura crítica desses documentos.
Sandra Caponi
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