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PTSC #19 :: Agustín Arosteguy

Agustín em um dos momentos de “ócio”. Foto: Caio Gonçalves Dias

Lançando a tradução de seu livro no Brasil, o argentino Agustín Arosteguy, além de escritor, é produtor cultural e mestre em Gestão de projetos de ócio. Isso mesmo, de ócio! O que sempre gera brincadeiras sobre esse “trabalho”. Depois de mais de dois anos na Europa resolveu – ou resolveram pra ele – vir para o Brasil, onde se casou com a carioca que conheceu na Espanha. Mas mesmo há pouco tempo no Brasil, não estranhem se o ouvirem dizer “caraca mané” ou “show de bola”. Parece que ele já está ambientado em nosso país, atualmente morando em Belo Horizonte. Seu livro Carne de Canhão, que será lançado dia 30 de julho, retrata a vida do jovem Miguel, nascido na pequena cidade de Balcarce e alçado à fama na capital Buenos Aires.

Com vocês, Agustín Arosteguy, o ser complexo #19:

1_Como veio parar no Brasil?
Eu estava morando na Europa, e foi aí que conheci a uma mulher que mudou minha vida – e que coincidentemente é brasileira. Paralelamente, depois de morar na Espanha por dois anos e meio, tinha a vontade de voltar para a América Latina, mas não queria voltar para Argentina. O Brasil sempre foi um país que me chamou a atenção por sua diversidade cultural e a linha de pesquisa que eu queria desenvolver, casava muito bem. Nesse momento sentia que para avançar nos meus estudos era importante vivenciar a América Latina.

2_No seu livro “Carne de canhão” você brinca muito com anacronismos. De onde vem essa ideia?
Para mim os ditos populares possuem uma magia, uma beleza singular, maior ainda que a poesia. Ou talvez seja uma forma de poesia falada, como acontece com a literatura de cordel. Eu nasci numa cidade pequena, onde os ditos populares fazem parte da vida cotidiana e cada família ou grupo social tem seus próprios ditos que os caracterizam e pelos quais você até pode identificá-los. Então, meu avô usava muito os ditos, falava sempre usando um ou vários. E o curioso é que você tem de todo tipo: engraçados, para sacanear, para debochar, para implicar etc. E esta é minha percepção, os ditos populares têm muito de anacronismos, possuem uma relação muito próxima com o anacrônico, com o passado, com a tradição e o folclórico de cada povo e de cada país. E foi daí, das lembranças e o carinho que sempre tive por meu avô, que eu quis fazer uma espécie de homenagem.

UM LIVRO

“Usted que ha caminado lo sabe. Casas, más casas, rostros distintos y corazones iguales. La humanidad ha perdido sus fiestas y sus alegrías. ¡Tan infelices son los hombres que hasta a Dios lo han perdido! Y un motor de 300 caballos sólo consigue distraerlos cuando lo pilotea un loco que se puede hacer pedazos en una cuneta. El hombre es una bestia triste a quien sólo los prodigios conseguirán emocionar. O las carnicerías. Pues bien, nosotros con nuestra sociedad le daremos prodigios, pestes de cólera asiático, mitos, descubrimientos de yacimientos de oro o minas de diamantes.”

Los siete locos
Editorial Latina
1929

3_Sabemos que você se casou no Samba do Trabalhador, no Clube Renascença, aqui no Rio de Janeiro. Que carioquices você pretende levar ao longo da vida?
Uff, essa é uma pergunta difícil, hein! Que carioquices eu pretendo levar… Tendo conhecido a saideira morando no Rio, podemos considerar isso uma carioquice? Posso citar também o hábito de beber cerveja como uma carioquice adquirida que vou levar pra minha vida. Antes de morar no Rio minha primeira opção era sempre o vinho. Além disso, as expressões como: “caraca Mané”, “show de bola”, “posso matar?”, são carioquices totalmente incorporadas a meu vocabulário. Por último, a malemolência do samba é uma carioquice que adoraria adquirir pra minha vida.

4_Você é mestre em Gestão de projetos do ócio. Como assim, ócio?
Parece brincadeira, né? A palavra ócio não tem exatamente o mesmo significado em espanhol e português. Muitas vezes em português a palavra ócio é utilizada com conotação de ausência de ocupação, falta de trabalho ou ociosidade. Talvez por isso, as zuações quando conto que estudo ócio. No entanto, meu foco de estudo se traduz melhor ao português como lazer, entendido como experiência ou vivência que permite ao ser humano se conectar com ele mesmo e se autoconhecer e reconhecer como ser único.

5_Como é ser um argentino morando no Brasil, com sua seleção na final da Copa do Mundo aqui – e tendo seu time derrotado na final?
Morando aqui percebi que o brasileiro gosta muito de fazer brincadeiras em torno do futebol. Eu não me considero uma pessoa que goste de futebol, nunca me interessei por este esporte, nem para assistir e nem para jogar. No entanto, a Copa no Brasil me trouxe varias reflexões em função das manifestações e remoções, mas apesar de tudo isso eu me vi assistindo a partir das quartas de final como se fosse um torcedor fanático. O esporte tem a capacidade de aflorar o sentimento patriótico e teria sido maravilhoso se a Argentina tivesse ganhado. Ainda não foi dessa vez, e mesmo não entendendo muito de futebol, achei que a minha seleção mandou muito bem.

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