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RESENHA_ O Gabinete do Doutor Blanc

Por Victor Escobar*

Sempre gostei de jazz, mas não me lembro de quando essa relação começou. Tenho uma vaga lembrança do que dizia minha mãe: “jazz é música de restaurante e motel”. Até que faz sentido, a gente escuta enquanto come alguma coisa…

Bom, mas não foi comendo nada, nem ninguém, que o conheci. Pensando no caso, talvez eu possa atribuir esse encontro aos filmes do Woody Allen, onde os grandes nomes do gênero são trilha sonora obrigatória quando o cineasta não cisma com música clássica, ou aos canais de música na tevê a cabo – pensei até em enviar um email agradecendo à SKY. Costumava ouvir quando estava ocioso, pra romper com o silêncio. Aliás, que me perdoem por ter a mesma ousadia que o doutor, mas vejo (ou melhor, ouço) o jazz como aquele flerte com a nova colega de trabalho – linda, diga-se de passagem – que deu certo: no começo, você não acredita e não entende muito bem o que está acontecendo; quando percebe, já está imaginando as férias de final de ano, a casa no campo e os filhos. Depois disso não tem volta. Nunca tem.

Não satisfeitos em terem me apresentado o jazz, aqueles canais mequetrefes, que ouvia diariamente, acabaram me viciando no babado. Chegou uma época em que não importava o que eu estivesse fazendo, quando o som dos trompetes, do sax alto ou do contrabaixo me pegavam, largava tudo para anotar o nome da música, do álbum e do artista.

Depois começava a saga para encontrá-los na internet – mas, vai, não era tão difícil assim em tempos de Google e Wikipedia. Tenho certeza que nisso o Doutor Aldir teve muito mais trabalho do que eu. Pois bem, era só escrever e apertar o enter que – tchan – estava eu em New Orleans no início do século XX.

Foi desse jeito que ouvi pela primeira vez “Kind of Blue”, disco obrigatório e mainstream do gênio Miles Davis, no Youtube, onde as propagandas me interromperam umas seis vezes durante 55 minutos e 24 segundos do disco. Também foi por conta desse casamento entre canal de áudio e internet que comprei meu primeiro CD de jazz, um disco triplo de Duke Ellington, que passei o dia inteiro escutando. Juro: foi mais forte do que amor verdadeiro! Lembro melhor de quando escutei esses discos do que quando dei meu primeiro beijo numa paixão de infância, uma vizinha que todo mundo deu o seu primeiro beijo, óbvio, antes de mim.

Pensava que, em matéria de jazz, eu estava aprendendo a engatinhar e que logo sairia das fraldas e deixaria de feder a leite. Pelo menos era o que achava. Já me dava por satisfeito em estar enturmado com os maiores nomes e os maiores clássicos – mais do que isso é pedir demais. Batizado na matéria, talvez? Talvez, mas não. Escutei o que saía por debaixo da porta do Gabinete do Doutor Aldir e percebi que eu não era nem mórula, nem blástula, nem porra nenhuma. Pra ser benevolente comigo mesmo, quem sabe eu não tivesse sido uma esporrada em vão numa página da Playboy comprada escondida no jornaleiro de esquina? Sim, depois de ler o livro do Aldir, foi assim que enxerguei minha relação com o jazz. Aliás, que negócio mesmo é esse de “Jázz”?

  Parece que foi a arte do improviso que picou o doutor e jazzófilo – que nome bonito! – Blanc. Mas, lendo crônica por crônica, pude perceber que ele não fez muita questão de seguir o charme do jazz para escrever. Diferente dos solos de um sax tenor – mas tão genial quanto – Adir, o ouvinte inteligente, escreveu com propriedade e riqueza de detalhes próprias de um grande conhecedor do assunto, ou melhor, mais do que isso: dignas de quem deve ter sido o psiquiatra de todas essas figuras.

Agora sim faz todo sentido: trancafiado em seu gabinete, Doutor Blanc atendia Nat King Cole, Jonh Coltrane, a quem a intimidade permitia chamar de Trane Train, Charlie Parker, Max Roach, Clifford Brown, Freddie Hubbard, Ella Fitzgerald, Ray Brown, Chet Baker, Dizzy Gillespie, Charles Mingus, Bill Evans, enfim, o time completo. O que ele nunca conseguiu foi fazer Louis Armstrong tocar impunemente.

Começou de levinho, mas na verdade eu não estava lendo. O que estava mesmo era ouvindo o Doutor Blanc tocar com palavras um novo tipo de jazz que, embora não fosse improvisado, também deixava marcas profundas no leitor, invariavelmente ouvinte. Blanc jazz? Pode ser. Melhor deixar a critério do Aldir.

*Victor é advogado, escritor, peladeiro do Paranauê FC e, por sorte, torcedor do Flamengo e da Beija-Flor.

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Nossos e-books estão disponíveis na Amazon, confira!

“O novo carioca”, “Pedrinhas miudinhas” e “Perca amigos, pergunte-me como” são alguns dos títulos de nossa editora disponíveis em versão eBook na Amazon.com.br. Além destes, é possível adquirir por apenas R$1,99 os livros digitais que integram a coleção “Pra ler em pé”.
“O meu lugar” e “SMH 2016: Removals in the Olympic city”, nossa versão em inglês do livro “SMH 2016: Remoções na Cidade olímplica” estão disponíveis gratuitamente para os assinantes do pacote Kindle Unlimited. Se esse for seu caso, não deixe fazer o download. Cópias físicas podem ser adquiridas no próprio site da Amazon ou em nossa loja.

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Testemunhos da Maré ganha versão em inglês

“Maré Testimonies”, a versão em inglês do desdobramento da tese de doutorado de Eliana Sousa Silva, aumenta o potencial do alcance das reflexões da autora sobre violência e segurança pública a partir das práticas dos policiais militares e dos grupos armados na Maré.

Segundo a pesquisadora, por meio da investigação destas práticas foi possível apreender o caráter estruturante do problema da violência, o sofrimento de todos os envolvidos com o fenômeno e os limites presentes nas estratégias vigentes no campo da segurança pública.

O livro adentra as relações de poder nos territórios da cidade do Rio de Janeiro, permitindo que a autora revele aspectos jamais conhecidos do ethos local e possibilitando que o leitor conheça outros matizes da complexa gestão de conflitos em territórios urbanos dominados pela violência e pelas armas.

Eliana Sousa Silva é doutora em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católico do Rio de Janeiro (PUC-Rio), diretora da Divisão de Integração Universidade Comunidade da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Redes de Desenvolvimento da Maré. Paraibana, mãe de três filhos, chegou à Nova Holanda, uma das favelas da Maré, aos 7 anos, onde residiu por 28 anos. Envolvida em trabalhos comunitários desde os 13, foi presidente da Associação de Moradores e, desde então, trabalha para elevar os índices de qualidade de vida da favela, em todas as suas dimensões.

A tradução é trabalho de Sofia Soter e está disponível para download gratuitamente.

 

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Promoções de Natal: garanta 10 ou 20% de desconto na nossa loja

Durante o mês de dezembro, a mórula está oferecendo um desconto de 10% para quem usar o cupom “NATAL2016” na compra de qualquer livro no nosso site.

Para quem pensa em adquirir mais de um volume, a oferta é ainda melhor: 20% de desconto em qualquer combinações de livros acima de R$50. Para garantir esse desconto, basta utilizar o cupom “COMBONATAL”.

Algumas sugestões de combos:

– Aldir Blanc: Rua dos Artistas e arredores + O gabinete do doutor Blanc
– Jouralbo Sieber: Ninguém me convidou + O mundo segundo Jouralbo
– Allan Sieber: Perca amigos, pergunte-me como + A vida secreta dos objetos
– Quadrinhos: Algumas mulheres do mundo + Amok – cabeça, tronco e membros + Gente fina
– Crônicas e ensaios: O meu lugar + Pedrinhas miudinhas
– Poesias: Poétnica + 22 devaneios de um poeta à deriva
– Samba: Pra tudo começar na quinta-feira + O samba serpenteia com o Escravos da Mauá
– Rio: SMH 2016: remoções no Rio olímpico + Baía de Guanabara: descaso e resistência
Que tal presentear alguém com um dos livros de nosso catálogo? Clique aqui e confira todos os títulos à disposição. \

O frete é grátis para todo o Brasil.

 

 

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Mórula lança coleção com livros de Aldir Blanc

No ano em que Aldir Blanc, um dos principais letristas da música brasileira, completa 70 anos, a Mórula presta sua homenagem levando ao público um apanhado de sua obra em prosa. A coleção Aldir 70 reúne novas edições de livros já clássicos do escritor e duas obras inéditas.

Uma nova edição de “Rua dos Artistas e arredores” (lançado em 1978 pela Codecri) e o inédito “O gabinete do doutor Blanc: sobre jazz, literatura e outros improvisos” abrem a coleção. Completam a série uma nova edição de “Porta de Tinturaria” (Codecri, 1981), uma edição ampliada de “Vila Isabel, inventário da infância” (Relume Dumará, 2000) e um livro com textos publicados em jornais e revistas nos últimos 10 anos.

 

 

 

Capa da edição da Codecri do livro "Rua dos Artistas e arredores"
Capa da edição da Codecri do livro “Rua dos Artistas e arredores”

 

Estudo de capa para o livro "O gabinete do Doutor Blanc"
Estudo de capa para o livro “O gabinete do Doutor Blanc”

“Rua do Artistas e arredores” reúne textos publicados no semanário O Pasquim a partir da primeira contribuição de Aldir, no Natal de 1975, com a crônica Fimose de Natal. Selecionados e organizados pelo próprio autor, contam histórias de personagens que habitaram sua Vila Isabel, precisamente a Rua dos Artistas, onde viveu até os 11 anos. A nova edição conta com quarta capa escrita por Jaguar e uma cronologia detalhada da vida do autor.

Já “O gabinete do doutor Blanc: sobre jazz, literatura e outros improvisos” traz textos inéditos em livro e revela um lado menos conhecido do autor: sua paixão por jazz e livros policiais. Retratados em crônicas (ou “improvisos”), foram publicados originalmente na extinta revista virtual Notícia e Opinião, o No Ponto.  Editor de cultura da revista à época, Paulo Roberto Pires abre o livro com um ensaio sobre a produção dos textos que recebia e levanta a dúvida: “mas, afinal, o que publicávamos semanalmente? Resenha certamente não era. Crônica? Um pouco, às vezes. Muito sofisticados para serem rotulados ‘conversas’, demasiado informais para ganharem a etiqueta de ‘ensaios’, esses textos são mesmo improvisos”. Luis Fernando Verissimo assina a quarta capa do livro e resume a relação do escritor com o gênero musical: “Aldir não é apenas um ouvinte de jazz. É um erudito na matéria, embora disfarce sua erudição com a leveza e a criatividade que se espera de qualquer texto seu, musicado ou não”.

Para deixar a edição ainda mais caprichada, as capas são ilustradas por Allan Sieber. Sobre essa empreitada e o autor, é sintético: “Aldir Blanc é um gênio recluso. Eu sou um idiota recluso. Nos encontramos na reclusão. Uma honra fazer uma capa para um mito”.

O lançamento da coleção Aldir 70 será no dia 19 de novembro, às 14h30, no Al-Fárábi (Rua do Rosário, 30), Rio de Janeiro. A pré-venda, no site da Mórula, dos dois primeiros volumes da coleção começa amanhã, dia 10 de novembro.

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O tesouro de Aldir Blanc

Para celebrar o lançamento da coleção Aldir 70, o jornalista e escritor Luis Pimentel nos presenteou com essa crônica inédita sobre Aldir Blanc. Aproveitem!

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Aldir e o tesouro escondido na caverna da infância

Luis Pimentel

Eu vou pro Estácio, mermão! Pensa que é fácil? Né não.
No tempo do lotação já era ruim, hoje então…

O samba foi gravado em 1996, no disco que comemorava os 50 anos do compositor. Quase meio século antes dessa data, ainda no tempo do lotação, o futuro grande cronista das ruas e dos bairros do Rio de Janeiro e poeta consagrado da MPB saboreava a inocência no bom e velho Estácio de Sá. Viveu até os quatro ou cinco anos na Rua Santos Rodrigues, uma transversal (do tempo?) da lendária Maia de Lacerda – onde nasceu, se criou e até hoje (2010) vive o não menos lendário Alceu, que é seu pai e também o Ceceu Rico de suas crônicas. Entre o Estácio, Vila Isabel, a Tijuca e a Muda correm, sempre margeando o Rio Maracanã, as veias de Aldir Blanc.

Há quem não se importe, mas a Zona Norte
É feito cigana, lendo a minha sorte.

Chegando aos cinco ou seis anos de idade, Aldir chegava também à Vila, de mãos dadas com a mãe, Dona Arlete, e com a mãe da mãe, Vovó Noêmia. À frente, indefectível maço de Lincoln num bolso e programa onde lia a sorte dos cavalinhos de corrida, o intrépido Seu Alceu. Tempos depois, o filho tentou esclarecer algumas datas e fatos daqueles dias, para um inventário de infância que escreveu em homenagem ao bairro do Noel Rosa, ouviu do pai a seguinte resposta:

– Como é que, a essa altura do campeonato, você quer que eu me lembre de uma merda dessas?!

Eu vim da Maia Lacerda
E essa merda faz parte de mim.
Taí minha herança, e dela não abro mão…

No bairro poético e boêmio, o menino foi morar na Rua dos Artistas, estava em casa. E numa casa com quintal cheio de árvores frutíferas – pertinho da morada do mestre Benedito Lacerda:

– Da minha casa, eu ouvia a flauta tocada na casa dele – contou, em depoimento ao jornalista Roberto M. Moura, um dos amigos mais queridos e perdidos, como Paulo Emílio Costa Leite, Marco Aurélio Bagra e mais alguns.

O quintal servia para reunir amigos e parentes em torno das panelas e dos pratos, do radinho de pilha contando o jogo do Vasco, então Expresso da Vitória (“Sabará na ponta direita do templo…”), das garrafas, muitas garrafas.

A poesia já morava ali, à sombra das goiabeiras, laranjeiras, bananeiras, mangueiras, dos pés de abiu, sapoti, limões-bravos; a boemia só veio em seguida.

Vim do botequim,
Chamaram por mim
Na manhã…

A infância na Vila, que o poeta descreve como uma febre (“Vila Isabel é a febre de viver, que não passará enquanto eu respirar”) – pelo menos até os 13 ou 14 anos, quando voltou a morar no Estácio – desvenda o tesouro da caverna na obra do compositor. Tá quase tudo lá, vem quase tudo de lá, e nada se perdeu ou foi desperdiçado: o “asmático rondando pelo corredor”, as hemoptises, os palavrões, as brigas e confraternizações em família, o amor desgovernado pedindo cama na rua, os feudos, as frases de efeito, as farsas e o futebol, os funcionários de plantão e os desempregados por opção, dentes estragados, os butecos com as declarações mais sublimes ou os desabafos mais escrotos:

Piada suja, bofetão na cara,
E essa vontade de soltar um barro.

Pensa que Aldir Blanc viveu só de brisa, melodia e poesia? Nada disto. Teve estudo, tudo certinho. Primário na Escola Municipal Barão Homem de Mello, ginásio no tradicionalíssimo Colégio São José, curso superior na Faculdade de Medicina e Cirurgia, com estágio no Hospital Psiquiátrico Engenho de Dentro – como médico, claro. De poeta e de louco, ele tem muito mais do primeiro.

A porcelana e o alabastro na pele que eu vou beijar
O escuro arás do astro na boca que me afogar
Os veios que há no mármore nos seios de Conceição
E desafeto mais paixão e porque sim e porque não.

Tirem suas conclusões.

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“Fazendo a cidade” tem debate de lançamento no dia 18/10

O debate “50 anos de Sociologia das classes populares urbanas” marca o lançamento do livro “Fazendo a cidade”, do sociólogo Luiz Antonio Machado da Silva. A conversa será no dia 18/10, às 18h30, no Auditório 9043-F (9º andar) da UERJ.

O livro é o primeiro volume da coleção “Engrenagens Urbanas”, que tem curadoria de Márcia Leite, Lia Rocha, Juliana Farias e Monique Carvalho.

“Fazendo a cidade” reúne 19 artigos do autor que, desde os anos 60, dedica-se ao campo da Sociologia Urbana. Seus estudos sobre favela, ação coletiva, sociabilidade, informalidade e violência sempre estiveram enquadrados analiticamente a partir do problema da integração como expressão da “questão social ” e da prática conflitiva de atores concretos.

“Engrenagens Urbanas” reúne contribuições de pesquisadoras e pesquisadores de diferentes áreas dos estudos urbanos, tendo por eixos analíticos a gestão de territórios e populações e a experiência de cidade das mesmas.

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PTSC #23

Essa foto jamais poderá ser usada para ofender a imagem do fotografado, atentar contra sua honra e dignidade. Seu uso destina-se a fins jornalísticos, informativos, educativos, artísticos e em campanhas humanitárias. Proibida a utilização sem autorização do autor. Para usa-la, entre em contato com lbaltar@gmail.com. Essa foto está resguardada por direitos autorais. Rio de Janeiro xx/xx/2014.
Luiz Baltar, autorretrato. Foto: cortesia.


Fotógrafo documentarista formado pela Escola de Fotógrafos Populares do Observatório de Favelas e pela Escola de Belas Artes da UFRJ,
Luiz Baltar desde 2009 registra o cotidiano, o processo de remoções forçadas e as ocupações militares em diversas favelas cariocas. Vencedor em 2016 do prêmio de fotografia da Fundação Conrado Wessel com o projeto “Fluxos”, Baltar desenvolve documentações sobre o direito à cidade, realiza trabalhos autorais no campo da fotografia contemporânea e participa do coletivo “Favela em Foco e dos projetos “Tem Morador e “Folia de Imagens. O fotógrafo é também autor das imagens que integram o livro “SMH 2016: Remoções no Rio de Janeiro Olímpico, editado pela Mórula. Com 49 festas de São Jorge comemoradas, além da premiação com o “Fluxos” recebeu o Prêmio Brasil de Fotografia e Melhor Portfólio do FotoRio 2015.

 

Com vocês nosso 23º ser complexo.

 

1_Como retratar remoções e ocupações militares em favelas respeitando os que mais sofrem com essas ações – os moradores?

É preciso não só ter empatia com os moradores e o território, mas também reconhecimento por quem está lutando para resistir e reinventar maneiras de viver apesar de tantas violações. Comecei fotografando como testemunha de momentos que não teriam visibilidade ou seriam esquecidos se não tivessem câmeras registrando e acabei como apoiador e amigo de pessoas que admiro muito.

UM LIVRO

“O que a arte pode fazer, eventualmente, é reenviar as pessoas para algo melhor, para uma visão mais sagaz e mais larga do mundo. O que a arte pode fazer é, de certa forma, mudar as hierarquias sensíveis do pensamento, dando as mesmas experiências a pessoas diferentes, que vivem em universos sensíveis muito diferentes.”

O Espectador Emancipado
Jacques Rancière
Orfeu Negro, 2010

2_Você fotografa do ônibus o seu trajeto, que no dia a dia se repete. As imagens desse trajeto também se repetem?

As imagens nunca se repetem. A cidade que observo do ônibus se transforma no mesmo ritmo das cenas que passam pela janela. Mesmo assim são poucos os passageiros que percebem a diversidade e riqueza visual da cidade durante a viagem.

A paisagem da Zona Norte é pouco notada, e por isso não representada, apesar de ser vista diariamente por um número enorme de pessoas que circulam por suas vias. Democratizar a cidade passa, também, por disputar sua representação, ressignificar a experiência de quem circula por ela, atribuir importância às narrativas periféricas e salvar do esquecimento uma memória ainda não registrada.

3_O que importa mais, a qualidade da câmera ou o olhar do fotógrafo?

Sempre o olhar. A melhor câmera é aquela que temos na mão e na ausência de uma é através do olhar que vamos construindo nosso repertório de narrativas e imagens.

4_Algumas imagens que produz dão a impressão de que são “fotografias em movimento”. Como é esse processo ou técnica?

Tenho uma formação em gravura anterior à fotografia, pela Escola de Belas Artes (UFRJ), e trago essa bagagem para o meu trabalho autoral. Com a câmera ou com o celular vou captando imagens, às vezes até de forma aleatória, sem me preocupar com enquadramento ou composição.

É no computador, no processo de edição que as imagens vão ganhar forma e sentido. As experimentações visuais vão sendo incorporadas. Junto duas, três ou mais fotos em múltiplos ângulos. Reinvento, reforço, excluo, repito e me aproprio de imprevistos que surgirem durante o processo. Quebra, fragmentação e reconstrução. As imagens capturadas são divididas, achatadas, alongadas e repetidas no formato de longos e sucessivos instantâneos. É um processo que costuma ser chamado de fotografia expandida. Procuro uma linguagem próxima da gravura com estética de processos artesanais como o pinhole.

5_No tempo livre o que um fotógrafo faz, além de fotografar?

Vê o trabalho de outros fotógrafos, lê sobre fotografia, fala de fotografia, pensa e sonha com fotografias o tempo todo.

 

 

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PTSC #22

Foto: cortesia

Carol Couto chegou à mórula em 2015 com um livro precioso nas mãos. Não tivemos dúvida que queríamos muito que ele saísse pela mórula, afinal nada mais relacionado conosco do que um livro sobre carnaval. Mas a edição demorou e apenas agora o livro foi lançado.

Paciente, carnavalesca, pesquisadora cuidadosa e autora do nosso 25º livro, “O samba serpenteia com o Escravos da Mauá”, Carol é nosso ser complexo nº 22 e conta tudo sobre samba, carnaval e cabrochas. “Vem, vem, vem quem gosta de sambar”…

_O que é uma cabrocha? Você é uma delas?

Difícil responder sobre “a” cabrocha, aquela mítica que habita nosso imaginário do samba, cujas qualidades são tantas e tão fugidias que parece de fato não ter existido nenhuma mulher que se encaixe nesse ideal. Se formos nos ater à definição clássica, cabrocha é uma mulata jovem. Mas no samba não é só isso. Acho que foi o olhar de desejo masculino nesse contexto dos sambas do passado que constrói essa cabrocha ideal e que vai aparecer nas letras de música: a que tem a pele mais viçosa e feitiço no olhar, que tem mais ginga nas pernas e rebolado nos quadris, a mais faceira e voluptuosa.

Dessa cabrocha só conhecemos o que dizem sobre ela, pois não possui voz própria. Então, ao invés de tentar enquadrar a realidade feminina nessa máscara morta “cabrocha”, como diz Giovanna Deltry sobre o malandro, vale mais a pena observar o processo da ação: o “cabrochismo”, assim como a malandragem, ao invés do rótulo do malandro. Acho interessante como o Escravos da Mauá, mesmo sem querer, promove esse deslocamento pelo “cabrochismo”, com as mulheres liderando a roda na voz e no cavaquinho e fazendo de suas frequentadoras amantes de samba as “cabrochas da Mauá”: principais homenageadas no samba pela resistência, força e alegria. O corpo da mulher como mero objeto do desejo masculino se desloca. Não que não haja uma vontade genuína entre elas de estar atraente e de dançar bonito, mas me parece ser muito mais de satisfação para consigo mesma, algo que só depois do feminismo poderia se solidificar dessa maneira. A mulher não como coadjuvante, mas protagonista.

Nesse sentido, me considero sim uma cabrocha da Mauá, pois tenho devoção pela batucada ao mesmo tempo em que, como mulher, questiono meu lugar na roda de samba e no mundo.

UM LIVRO

“– E até quando acredita o senhor que podemos continuar nesse ir e vir do caralho? – perguntou.

Florentino Ariza tinha a resposta preparada havia cinquenta e três anos, sete meses e onze dias com as respectivas noites.

– Toda a vida – disse.”

O Amor nos Tempos do Cólera
Gabriel García Márquez
Tradução de Antonio Callado
Editora Record, 1985

_O que é a Zona Portuária para você?

É meu lugar de moradia e de trabalho. Aqui conheci pessoas muito especiais, que farão parte da minha história para sempre. Nunca me senti tão parte de um bairro como me sinto aqui na Saúde. E olha que já vivi em muitos bairros. Não deixa de ser curioso um local que precisava de “revitalização” – faltava vida? – ser, para mim, aquele que melhor me acolheu. Pesquisar samba e carnaval me trouxe amizades lindas, me aproximou de pessoas incríveis, que lutam diariamente por reconhecimento e valorização das histórias dos bairros portuários e sim, pelo reconhecimento de suas próprias histórias e lutas. Aqui se experimenta diariamente o cosmopolitismo provinciano do porto, que reúne fluxos de pessoas estrangeiras com os hábitos antigos de moradores por vezes nem tão antigos assim. É aí que mora a beleza: o camarada do copo, quando menos se espera, é exatamente com quem você pode contar. Para além das fofocas e intrigas – incontornáveis em uma atmosfera provinciana – ainda tem muita coisa bonita e muita superação na base da amizade e do carinho. É a coisa humana exposta ali, em suas delícias e fraquezas. Amo isso aqui.

_Qual o seu samba preferido do Escravos da Mauá? Por quê?

Sacanagem ter que escolher um! Não é porque pesquisei sobre o bloco não, mas acho que são muitas composições bonitas. Mas vou agora do samba que dá nome ao meu livro “Cidadania na Praça Mauá”, do carnaval de 1994. A estrofe que me inspirei é a primeira: “Vem, vem, vem, no nosso bloco / Vem, vem, vem quem gosta de sambar / Hoje vai ter maré cheia / E o samba serpenteia / Pelas ruas da Mauá”. Mas a parte em que me empolgo mesmo é o refrão que é mais aguerrido: “Mas deixa, deixa estar / Que chega a hora da virada, vai virar / Bicho-papão cai do cavalo, cai no mar / E a gente canta pra lembrar”. Escolho esse samba porque me lembra o “primeiramente, fora Temer”, que atualmente não tem saído da boca do povo e que em tempos de olimpíadas e tradução simultânea no Google translate a gente manda no inglês também: first of all, get out afraid (risos). Espero poder escolher outro samba da próxima vez, quem sabe.

_Nós demoramos bastante pra editar o seu livro. Onde você encontrou paciência? Pratica alguma terapia para isso?

Eu sou muito ansiosa, como acredito ser a maioria das pessoas por aí, fora os yogis mais avançados, em total desapego à matéria e ao resultado da ação. Eu tento aprender com eles a meditar, procuro meditar todo dia. Mas é difícil, tem dias que os macaquinhos da cabeça ficam descontrolados e parece que não consigo relaxar de jeito nenhum. Nessa hora vou pro bar mais próximo mesmo, dar uma desacelerada com a cerveja e com uma conversa fiada com alguém querido. A cerveja ajuda a diminuir provisoriamente a ansiedade, por isso é tão bom! Faço terapia também há muitos anos, mas sempre me sinto impelida a trocar de terapeuta quando inevitavelmente chegamos a conclusão que devo pegar leve com a cerveja!  Aí volta a terapia a ser no bar. (risos)

Eu sofri muito com esse livro, nossa, se houver carma nesse mundo mesmo purifiquei muita coisa minha com vocês! Acendi foi é vela pros meus santos no meu altar de casa, mas depois que estava tudo mais ou menos acertado, aceitei o tempo de produção e tive certeza que o melhor viria. Vocês são muito exigentes, o que só ressalta a primazia com que trabalham. No final, depois de sofrer com a ansiedade, com as ressacas e com as dezenas de fios brancos que surgiram a mais na minha cabeça, acabou sendo tudo ótimo, me senti uma rainha na Mórula com o baita suporte que deram no lançamento.

_Conte-nos sobre um carnaval inesquecível.

Aí também é sacanagem! Um só? Difícil. Mas acho que 2015 juntou muita coisa das quais me orgulho em ter feito e participado. Amei me desafiar a sair de Dercy Gonçalves, levei pra rua e pra vida essa mulher.  Ela está ainda comigo e me grita um “foda-se essa porra” bem alto quando estou me deixando abater por algo pequeno ou irrelevante demais. A barricada do carnaval do cordão Prata Preta, relembrando a revolta da vacina foi bem marcante também! Os historiadores do bloco, fissurados com os detalhes, queriam colocar a barricada exatamente no mesmo local e encontraram roupas semelhantes às da época, que vestimos prontamente. Ajudei a empilhar os sacos de batata para proteção dos brincantes “revoltosos” e a posicionar um belo canhão de confetes em nossa barricada. Igual criança, queria porque queria ser a primeira a acionar o canhão em cima da massa que alegremente vinha terminando o cortejo e que nem imaginava o que iria encontrar ali na esquina da praça da Harmonia. Que dia! Foi em 2015 também em que toquei pela primeira vez no meu querido bloco Comuna Que Pariu, cantando o maravilhoso e emocionante samba “Lugar de mulher é onde ela quiser”! As composições do Comuna são de alto nível, além de contar com uma condução exigente do mestre Buchecha! Que venham mais carnavais!

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Confira a exposição Quarup

A mórula desenvolveu, montou e fez o material de divulgação da exposição Quarup, de Antônio Callado. A exposição ficará na Galeria Arte e Literatura, da Biblioteca Estação Leitura, localizada na estação Central do Metrô Rio, de 26 de julho a 26 de setembro.

Quarup – obra prima de Antônio Callado e marco da literatura brasileira – se manteve atual mesmo após cinquenta e um anos de seu lançamento. A exposição da obra, que retrata o preconceito e o descaso contra os indígenas e sua dizimação em em nome de interesses questionáveis, serve para trazer à tona a discussão sobre a realidade vivida pelos indígenas nos dias atuais e também como homenagem ao centenário de Antônio Callado, romancista, jornalista, biógrafo e teatrólogo.

Durante sua permanência, o público visitante poderá assistir e participar de atividades coordenadas do Projeto Vivências Lúdico-Literárias, Oficinas de Arte-Educação para crianças e jovens e também voltadas para instituições educacionais e sociais.

Abaixo, algumas fotos da mostra:

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Promoção ‘Em Foto’

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Algumas das imagens que serão enviadas com os livros

Comprar o livro com 15% de desconto e ainda levar duas fotos do livro impressas? É isso mesmo, de 18 julho a 16 de agosto o livro “Em Foto”, de Ratão Diniz, está em promoção no site da Mórula (de R$49 por R$ 41,65) e você ainda leva junto com o livro duas fotos do livro impressas (as fotos enviadas serão aleatórias, porque só temos uma cópia de cada imagem). Pra quem não conhece o livro, ele reúne mais de 200 imagens registradas por Ratão Diniz em um formato inovador: as imagens são enriquecidas com as muitas histórias capturadas pelo autor. Além das fotos, o leitor encontra depoimentos, entrevistas, lembranças e frases de Ratão e de seus fotografados. Dividida em 4 capítulos temáticos (Favela, Graffiti, Festas Populares e Interior), a obra é resultado de um trabalho de pesquisa e edição de mais de dois anos. Fotografando e viajando, Ratão conta as histórias de um Brasil que persiste, resiste e reinventa o cotidiano com alegria, beleza e paixão.

Compre o livro com desconto

_VISITE O SITE DO LIVRO:
www.morula.com.br/emfoto

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Batendo em ponta de faca

allan&jouralboPor Allan Sieber*

Aos 18 anos, em 1948, Jouralbo Sieber fez sua primeira e –  até 21 de junho de 2016 – única exposição. Saudado como um jovem talento da pintura gaúcha, o sujeito que fez o cartaz do evento não teve dúvida e cravou em letras garrafais: JURALBO SIEBER.
Sim, não é fácil se chamar Jouralbo. Ou ser Jouralbo.
De temperamento irascível e fazendo sempre o que bem entendeu, Jouralbo fez parte da gênese da propaganda gaúcha, começando a trabalhar num tempo que isso quase se resumia a neons na rua. E se chamava “reclame”, não propaganda. Começou como desenhista aprendiz na mítica Editora do Globo, trabalhando sob a tutela de Ernst Zeuner e convivendo com feras como João Fahrion, Mottini e Kuver, só para citar alguns. Depois passou por diversas agências, ora como diretor de arte, ora como fotógrafo, sem criar vínculos com nenhuma. Uma espécie de selvagem que só fazia o que queria e com frequência fazia exatamente o oposto do que pediam, por conta de sua índole inquieta.
Esse período de “formação” nos anos 1940 e as décadas seguintes foram quadrinizados por ele mesmo, com roteiros feitos por mim baseados em horas de entrevista com Jouralbo e compilados no “Ninguém me convidou” (reeditado em 2013 pela Mórula).Leia mais

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PTSC #21

Foto: Leo Aversa - Crédito obrigatório.
Foto: Leo Aversa

Marcelo Moutinho é carioca de Madureira, Império Serrano e Tricolor. Essas são três informações fundamentais sobre o escritor e que aparecem nos primeiros 15 minutos de papo com ele. Jornalista, que ainda exerce a profissão, é autor de diversos livros de contos, crônicas e infantis. Em 2015, publicou a antologia de crônicas “Na dobra do dia” (Rocco) e organizou para a Mórula “O meu lugar”, em parceria com Luiz Antonio Simas.

Não é difícil perceber a presença daquelas características na obra de Moutinho. Em seus contos e crônicas um certo Rio de Janeiro suburbano, que pega ônibus, vai ao boteco e anda de havaianas é muito presente. Como ele explica abaixo, busca “gente comum” para sua literatura. Talvez por isso seja fácil encontrá-lo pelas ruas da cidade. Nem precisa seguir no Facebook. É só aparecer nas rodas de samba do Bip Bip ou do Zé Luiz do Império em Oswaldo Cruz, nos ensaios de rua do Império Serrano, no balcão da livraria Folha Seca ou no Bar Brasil. É o tal “viço do cotidiano” que o escritor tanto persegue.

Para a estreia do novo site da mórula, nada melhor do que um papo longo, sobre literatura, política, samba e futebol – tudo que nos interessa. Fiquem à vontade, a cerveja é sempre gelada. É só se acomodar no balcão e curtir nosso ser complexo #21. Com vocês, Marcelo Moutinho:

 

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Contra a corrente

A mórula acaba de lançar a coleção Contra a corrente que pretende publicar livros sobre temas ligados à cultura, comunicação e marxismo. O nome da coleção presta homenagem ao professor, e um dos mais importantes intelectuais brasileiros contemporâneos, Carlos Nelson Coutinho, ao tomar emprestado o título de um dos seus livros.

De caráter acadêmico, Contra a corrente deve reunir obras que expressem uma contratendência às ideias conservadoras de diversos matizes, notadamente ao chamado pensamento pós-moderno, que hoje reina quase absoluto no campo das ciências humanas. O curador da coleção é o professor e pesquisador Eduardo Granja Coutinho.

Coutinho lembra que o lançamento de Contra a corrente acontece em um momento que por todo o Brasil surgem iniciativas “que expressam, no plano da cultura, uma reação ao golpe e suas formas ideológicas”. O curador explica o objetivo da coleção: “no momento em que a frágil democracia brasileira recebe esse duro golpe de forças reacionárias empenhadas em mudar para pior algo que já não era muito bom, aprofundando a dependência econômica e política do país em relação ao grande capital, essa coleção publicará textos de intelectuais que se reivindicam herdeiros de uma ‘ontologia autenticamente materialista e dialética, capaz de responder aos impasses filosófico-teóricos de hoje’,  autores que, na batalha das ideias, rejeitam aquilo que o próprio Carlos Nelson, inspirado em Lukács, chamou de ‘miséria da razão’, a miséria do pensamento que pretende camuflar as contradições sociais e negar a possibilidade dos homens transformarem o mundo conscientemente por meio de sua práxis”.

Os dois primeiros livros da coleção já estão disponíveis em nosso catálogo e entram em pré-venda em breve. “Ensaios sobre cultura e marxismo” reúne oito artigos do professor da USP Celso Frederico. O segundo volume é organizado por Mavi Rodrigues e Marcelo Braz, “Cultura, democracia e socialismo: as ideias de Carlos Nelson Coutinho em debate”. O livro conta com textos de doze autores que dialogam com a obra de Coutinho.

Para celebrar o lançamento da coleção, a editora realizará um evento na livraria Antonio Gramsci no dia 07 de junho. Na ocasião, autores dos dois volumes debaterão sobre “Cultura e Política”.

Lançamento da coleção Contra a corrente

Quando: 07/06, às 18h30

Onde: Livraria Antonio Gramsci (rua Alcindo Guanabara, 17)

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Salão do Livro Político

Entre os dias 1º e 3 de junho acontece em São Paulo a segunda edição do Salão do Livro Político. Este ano o evento foca na crise que o país atravessa, a mais aguda desde o golpe civil-militar de 1964. Os filósofos Marilena Chauí e Vladimir Safatle, o deputado Adriano Diogo, a líder estudantil Carina Vitral, os juristas Fábio Konder Comparato e Alysson Leandro Mascaro, além de Amelinha Teles e Djamila Ribeiro são alguns dos nomes confirmados para os debates.

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Mini-pôsteres de ‘O meu lugar’

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